A Embaixada de França em Moçambique e a ADPP Moçambique celebraram na última sexta-feira (10), em Maputo, a assinatura de um “Acordo de Cooperação para a resiliência costeira no âmbito da criação de uma nova área marinha protegida” através do Projecto Futuro Azul. O programa de um ano, financiado pela Embaixada de França num montante de 100 000 Euros, visa estabelecer uma plataforma de resposta aos desafios de acesso à água e de rendimentos alternativos à pesca na Província de Nampula, no distrito de Memba. O objectivo final é contribuir na adaptação das comunidades costeiras a viverem numa Área Marinha Protegida.
O projecto “Futuro Azul” envolve um consórcio de cinco organizações, entre elas a ADPP Moçambique, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a Associação do Meio Ambiente (AMA), o Departamento de Ciências Biológicas da UEM (DCB-UEM), o ProAzul e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), liderado pela Wildlife Conservation Society (WCS). O principal objectivo deste projecto é fortalecer a resiliência dos ecossistemas costeiros e, simultaneamente, melhorar os meios de subsistência das comunidades locais. As intervenções abrangem ecossistemas críticos como mangais, ervas marinhas e recifes de coral, beneficiando directamente cerca de 14.786 pessoas através da promoção da pesca sustentável e da diversificação das fontes de rendimento.
Neste projecto, o papel da ADPP é trabalhar com as comunidades costeiras ajudando-as a organizarem-se em Clubes de Modos de Vida através de criação de iniciativas que lhes permitam compreender e adaptar-se à vida numa Área Marinha Protegida (AMP).
A subvenção, assinada pelo Embaixador da França em Moçambique e Eswatini, Yann Pradeau, e pela Directora Executiva da ADPP Moçambique, Birgit Holm, visa essencialmente apoiar cerca de 1.500 pessoas, maioritariamente mulheres, organizadas em Clubes de Modos de Vida. Trata-se de cinco comunidades do distrito de Memba, cujo os membros serão também capacitados no plantio e manutenção de 10.000 árvores fruteiras e forrageiras. Paralelamente, os participantes participarão em sessões sobre a Violência Baseada no Género (VBG), com o objectivo de combater a violência contra as mulheres e promover a sua participação nas decisões comunitárias.
Durante o acto de assinatura, o Embaixador Yann Pradeau destacou que o acordo representa uma etapa importante, alinhada com as prioridades da Embaixada no seu contributo para o desenvolvimento do norte de Moçambique, particularmente no que diz respeito à conservação da biodiversidade.
Em representação do consórcio do Projecto Futuro Azul, Hermenegildo Matimele, Director Interino do Programa Marinho da WCS, sublinhou que o acordo “traz uma mais-valia para o projecto como um todo, pois incide sobre o mesmo público-alvo e reforça o envolvimento das comunidades em áreas críticas, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável dos ecossistemas marinhos”.
Por sua vez, a Directora Executiva da ADPP Moçambique, Birgit Holm, referiu que a parceria é um passo importante que reforça o compromisso da ADPP em mobilizar recursos adicionais para abranger mais comunidades no dentro do projecto Futuro Azul”.
“Estamos muito satisfeitos com esta parceria, pois permitirá que mais famílias tenham acesso à água nas suas próprias comunidades. Isso libertará as mulheres do tempo gasto na busca de água e permitir-lhes-á dedicarem-se a outras actividades domésticas e produtivas que contribuam para a melhoria das suas vidas”, concluiu.
A França reafirma o seu compromisso com a resiliência costeira e a adaptação às mudanças climáticas. Como parte activa do Acordo de Paris e de iniciativas multilaterais das Nações Unidas e da União Europeia, o país promove a protecção dos ecossistemas marinhos e das zonas costeiras. Esta acção inscreve-se na continuidade da forte mobilização francesa demonstrada durante a Cimeira de Nice, dedicada à protecção dos oceanos e à governança marítima sustentável. A França apoia projectos inovadores e cooperações internacionais que visam reduzir os riscos de erosão e da subida do nível do mar, investindo em soluções baseadas na natureza. Com esta abordagem coerente, o país reforça o seu papel de liderança global em matéria de resiliência costeira e gestão sustentável dos oceanos.